O jogo dos poemas de Ricardo Rodrigues e as expressivas ilustrações de Taigo Meireles adicionam-se e interagem, leitura e contemplação se enriquecem, expressam uma poética; uma tentativa de alcançar a linguagem total, ou de romper os limites entre linguagem e corpo, signos verbais e não verbais. Livro híbrido? Certamente. Entre as acepções ou sentidos que o termo hibridismo vem tomando, há aquele da fusão ou convivência de diferenças; dos distintos modos de expressão – e também de ser. Artistas são demiurgos; criam mundos; e a criação é através da hibridação, replicando a ação da natureza, sob a regência de Eros que promove a união. Piva, invocado por Ricardo Rodrigues, citava com frequência André Breton: “A poesia é a mais fascinante orgia ao alcance do homem”. Abrir as páginas de O profeta e o poeta – o um e o mesmo é aceitar convites para essa orgia.
Claudio Willer é poeta, tradutor e ensaísta.